sábado, 17 de fevereiro de 2007

Fado das Alminhas







Música: Paulo de Sá (1893-1952),
dedicada “Ao Nuno Quental”Letra: 1ª e 2ª quadras populares
Incipit: Pelas alminhas te peço
Origem: Santa Maria da feira (?)
Data: ca. 1927-1928


Pelas alminhas te peço
Dá devagar os teus passos
Que debaixo dos teus pés
Anda minh’alma em pedaços.


Ando triste como a noite
Nada me alegra o sentido...
Ninguém sabe o bem que perde
Senão depois de perdido.


Canta-se o 1º dístico, repete-se;
canta-se o 2º e bisa-se.


Informação complementar
Canção estrófica em compasso quaternário e tom de Sol Maior, da 2ª metade da década de 1920, obedecendo ao convencional efeito de repetição muito em voga no Período Clássico. A letra é de teor mórbido-decadentista, bem ao gosto de época.Esta composição conheceu impressão musical na Sassetti & Cª., Lisboa, Rua do Carmo, 54 – 58, com a dedicatória supra, copyright de 1929, trazendo capa ilustrada por Stuart de Carvalhais.Para a 1ª quadra veja-se “Enciclopédia das Famílias”, Ano XXI, nº 247, de 1907, pág. 536, “Mil Trovas”, e ainda em Jaime Cortesão, “O que o Povo Canta em Portugal”, p. 125; a 2ª copla já era popular em 1893, constando de recolhas como o “Cancioneiro Geral dos Açores”, Volume III, pág. 120, “Cancioneiro Transmontano e Alto-Duriense”, pág. 289, “Cancioneiro Popular Português e Brasileiro”, pág. 4, “Cancioneiro de Músicas Populares”, de César das Neves/Gualdino de Campos, “Cancioneiro”, de Fernando Pires de Lima e o já citado “Mil Trovas”, editado em 1903.Composição gravada em Lisboa, nas sessões que decorreram entre 10 de Agosto e 03 de Setembro de 1928 pelo Dr. Elísio da Silva Mattos (1893-1978), acompanhado à guitarra em afinação natural pelo Dr. Paulo de Sá (Santa Maria da Feira, 05703/1891; Porto, 26/04/1952) e em violão de cordas de aço pelo Prof. Doutor José Carlos Martins Moreira (Porto, 1895; Coimbra, 1977), que preferiu que o seu nome não figurasse no disco (disco de 78 rpm His Master’s Voice, E.Q. 149, master 7-62210).Uma versão instrumental desta melodia foi gravada em guitarra solo pelo célebre executante de Gouveia José Parente, no Teatro São Luís, Lisboa, a 29 de Outubro de 1928: 78 rpm His Master’s Voice BN 144. Desconhecemos se a referida matriz chegou a ser comercializada.Após o registo efectuado por Elísio Matos, “Fado das Alminhas” não voltaria a ser gravado por nenhum outro cantor até finais do século XX, pelo que se pode considerar um espécime caído no esquecimento.Música: Paulo de Sá (1893-1952), dedicada “Ao Nuno Quental”Letra: 1ª e 2ª quadras popularesIncipit: Pelas alminhas te peçoOrigem: Santa Maria da feira (?)Data: ca. 1927-1928Pelas alminhas te peçoDá devagar os teus passosQue debaixo dos teus pésAnda minh’alma em pedaços.Ando triste como a noiteNada me alegra o sentido...Ninguém sabe o bem que perdeSenão depois de perdido.Canta-se o 1º dístico, repete-se; canta-se o 2º e bisa-se.Informação complementarCanção estrófica em compasso quaternário e tom de Sol Maior, da 2ª metade da década de 1920, obedecendo ao convencional efeito de repetição muito em voga no Período Clássico. A letra é de teor mórbido-decadentista, bem ao gosto de época.Esta composição conheceu impressão musical na Sassetti & Cª., Lisboa, Rua do Carmo, 54 – 58, com a dedicatória supra, copyright de 1929, trazendo capa ilustrada por Stuart de Carvalhais.Para a 1ª quadra veja-se “Enciclopédia das Famílias”, Ano XXI, nº 247, de 1907, pág. 536, “Mil Trovas”, e ainda em Jaime Cortesão, “O que o Povo Canta em Portugal”, p. 125; a 2ª copla já era popular em 1893, constando de recolhas como o “Cancioneiro Geral dos Açores”, Volume III, pág. 120, “Cancioneiro Transmontano e Alto-Duriense”, pág. 289, “Cancioneiro Popular Português e Brasileiro”, pág. 4, “Cancioneiro de Músicas Populares”, de César das Neves/Gualdino de Campos, “Cancioneiro”, de Fernando Pires de Lima e o já citado “Mil Trovas”, editado em 1903.Composição gravada em Lisboa, nas sessões que decorreram entre 10 de Agosto e 03 de Setembro de 1928 pelo Dr. Elísio da Silva Mattos (1893-1978), acompanhado à guitarra em afinação natural pelo Dr. Paulo de Sá (Santa Maria da Feira, 05703/1891; Porto, 26/04/1952) e em violão de cordas de aço pelo Prof. Doutor José Carlos Martins Moreira (Porto, 1895; Coimbra, 1977), que preferiu que o seu nome não figurasse no disco (disco de 78 rpm His Master’s Voice, E.Q. 149, master 7-62210).Uma versão instrumental desta melodia foi gravada em guitarra solo pelo célebre executante de Gouveia José Parente, no Teatro São Luís, Lisboa, a 29 de Outubro de 1928: 78 rpm His Master’s Voice BN 144. Desconhecemos se a referida matriz chegou a ser comercializada.Após o registo efectuado por Elísio Matos, “Fado das Alminhas” não voltaria a ser gravado por nenhum outro cantor até finais do século XX, pelo que se pode considerar um espécime caído no esquecimento.

Carlos Paredes

Definiu-nos, a nós portugueses, a nós humanos, como ninguém mais soube definir – só que em mais perfeito do que realmente somos

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

A Guitarra

Etimologicamente, a designação de Guitarra advém do vocábulo grego Kythara, que mais tarde os latinos converteram em Cithara. Conta uma lenda que este nome provém de Cyterón, o nome de uma montanha situada algures entre a Beócia e a Ática. Mas há quem, discordando desta opinião, defenda que deriva sim de Cythara, o antigo nome da ilha grega Cerigo, a qual era considerada como o paraíso da poesia e do amor, e na qual existia um templo dedicado a Vénus.
Mas, como esta matéria não reúne qualquer consenso, há ainda quem prefira acreditar que a origem do nome guitarra remonta à Idade Média, sendo a sua invenção e construção da responsabilidade de um mouro espanhol que daria pelo nome de Al-Guitar.
Esta corrente diz-nos que a guitarra portuguesa, tal como a conhecemos hoje, é de origem árabe. Mas, se é verdade, que esta teoria é sustentada por inúmeros adeptos, é também verdadeiro o facto de que assenta num pressuposto meramente verbal, o qual compara o nosso instrumento actual à antiga guitarra mourisca, ou sarracénica, associando-a ao fado.
Diz-nos ainda que esta nossa forma musical de expressão essencialmente popular (fado) é de origem árabe. Ora, esta teoria é geralmente rebatida com dois argumentos: é que, por um lado, a guitarra mourisca está na origem de uma linha de instrumentos completamente diferentes - as mandolas e as mandolinas -, sabendo-se, por outro, que a associação da guitarra ao fado é um fenómeno bem mais recente.
A partir de estudos realizados por diversos autores e compositores - como Pedro Caldeira Cabral e António Portugal, entre outros -, parece mais provável que a actual guitarra portuguesa resulte de uma fusão entre dois instrumentos: O Cistro Europeu, ou Cítara (utilizado em toda a Europa Ocidental durante o Renascimento, que apresenta uma forma extremamente semelhante e até, em alguns casos, o mesmo número de cordas e afinações que a guitarra, e que terá sido introduzido em Portugal no século XVI, sobretudo a partir de Itália e França, propagando-se a sul de Coimbra) e a Guitarra Inglesa (aqui introduzida no século XVIII, no Porto, difundindo-se depois rápidamente a norte de Coimbra). Isto poderá explicar as diferenças de construção, de estrutura e de afinação entre a guitarra de Coimbra, com origem no Porto e a de Lisboa.