quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

A Guitarra

Etimologicamente, a designação de Guitarra advém do vocábulo grego Kythara, que mais tarde os latinos converteram em Cithara. Conta uma lenda que este nome provém de Cyterón, o nome de uma montanha situada algures entre a Beócia e a Ática. Mas há quem, discordando desta opinião, defenda que deriva sim de Cythara, o antigo nome da ilha grega Cerigo, a qual era considerada como o paraíso da poesia e do amor, e na qual existia um templo dedicado a Vénus.
Mas, como esta matéria não reúne qualquer consenso, há ainda quem prefira acreditar que a origem do nome guitarra remonta à Idade Média, sendo a sua invenção e construção da responsabilidade de um mouro espanhol que daria pelo nome de Al-Guitar.
Esta corrente diz-nos que a guitarra portuguesa, tal como a conhecemos hoje, é de origem árabe. Mas, se é verdade, que esta teoria é sustentada por inúmeros adeptos, é também verdadeiro o facto de que assenta num pressuposto meramente verbal, o qual compara o nosso instrumento actual à antiga guitarra mourisca, ou sarracénica, associando-a ao fado.
Diz-nos ainda que esta nossa forma musical de expressão essencialmente popular (fado) é de origem árabe. Ora, esta teoria é geralmente rebatida com dois argumentos: é que, por um lado, a guitarra mourisca está na origem de uma linha de instrumentos completamente diferentes - as mandolas e as mandolinas -, sabendo-se, por outro, que a associação da guitarra ao fado é um fenómeno bem mais recente.
A partir de estudos realizados por diversos autores e compositores - como Pedro Caldeira Cabral e António Portugal, entre outros -, parece mais provável que a actual guitarra portuguesa resulte de uma fusão entre dois instrumentos: O Cistro Europeu, ou Cítara (utilizado em toda a Europa Ocidental durante o Renascimento, que apresenta uma forma extremamente semelhante e até, em alguns casos, o mesmo número de cordas e afinações que a guitarra, e que terá sido introduzido em Portugal no século XVI, sobretudo a partir de Itália e França, propagando-se a sul de Coimbra) e a Guitarra Inglesa (aqui introduzida no século XVIII, no Porto, difundindo-se depois rápidamente a norte de Coimbra). Isto poderá explicar as diferenças de construção, de estrutura e de afinação entre a guitarra de Coimbra, com origem no Porto e a de Lisboa.

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